Carmem Barbosa da Silva Dias natural de Varzelândia-MG, nasceu em 10 de março de 1963. Morou por São Miguel do Iguaçu-PR por um período e depois veio para Mato Grosso na cidade de Tangará da Serra lidar com a produção de café juntamente com seus pais.
Seu primeiro casamento foi aos 16 anos no município de Nova Olímpia-MT pois em Tangará não havia Cartório, em 24 de março de 1979, com João Albino de Souza (em memória), e após um tempo decidiu vim morar no município de Juína em Junho de 1980.
Antes da chegada, seu sogro já havia efetuado a compra de terras e organizado com antecedência onde iriam residir, na linha 4. A primeira casa foi um barraco de lona e após um determinado tempo construiu o barracão.
A mudança ocorreu por um caminhão grande “pau de arara”, trouxe 2 mudanças de seu sogro e cunhado. Durante o percurso houve diversas dificuldades, pelo fato do motorista desconhecer a rota da estrada.
A chegada foi em Junho de 1980, no final da tarde e de imediato alguns ficaram na organização da mudança e os outros foram banhar por estarem exaustos.
Para fazer o uso da água era necessário se deslocar até o rio mais próximo, após um tempo criaram minas de água nas proximidades e para conservar a água gelada era colocado dentro de potes de barro para manter fresca para consumo.
De início, para quem tinha uma vida já estrutura em outra cidade e largar tudo para recomeçar novamente em outro espaço era dificil, e Carmem conta que enfrentaram diversas dificuldades, porque não tinha sequer instalação de energia e de água, tudo era manual, como lavar roupas em beira de rio.
Carmem teve 2 filhos Wil e Wilma e por questão de logística e poucos recursos médicos, ela preferiu ir para Tangará onde residia alguns familiares.
Infelizmente sua filha Wilma faleceu com 2 meses de vida em decorrência de uma Pneumonia.
Durante cerda de 18 anos ela morou na linha 4, trabalhou com lavoura e possuía gado fruto de muito trabalho.
Na época com a venda de tudo o que tinham em Tangará foi feito o investimento na compra de um sitio em Juína com 57 hectares.
A plantação na época era arroz, feijão e café. Segundo Carmem, a venda destes produtos era árdua, sendo que, o custo de venda sairia muito barato.
Com o dinheiro que havia de reserva, realizaram investimento em alojamento da Casemat na época, onde poderia deixar os mantimentos até o melhoramento dos preços. As despesas eram exorbitantes.
Próximo a família morava o senhor conhecido como João Bigode, que tinha um pequeno estabelecimento na linha 4 e com frequência sempre se deslocava para Vilhena-RO fazer a compra de mercadorias, pois tinha seu próprio caminhão e portava, sendo assim, seu sogro dava uma certa quantia de dinheiro para João e ele trazia para família o que era pedido, a compra era grande.
Quando possível, o mesmo fazia a venda dos mantimentos da família em Juína ou em outro município.
A visão de Carmem pelos primeiros anos na linha 4 era um local completamente cheio de mato e ao redor da estrada havia diversos barracos, não tinha casa por motivo de que na comunidade somente chegava novos integrantes e ficava por ali, então era difícil ter casa pela local.
Para fazer amizade era simples, as pessoas no final de semana se reuniam ou mesmo iam até as suas residências e assim tomavam café e almoçavam fazendo churrasco, a mesma cita que eram pessoas solidarias sempre que era necessário.
Na época a diversão era as novenas e nos fins de semana ir nas residências rezar o terço juntamente com o padre, sempre tinha janta, jogo de cartas e futebol pela comunidade Cristo Rei.
A pioneira conta que saiu da localidade por causa da produção de café e na época teve um declínio, e também seu 1º esposo trabalhou com madeira, motorista e serrador, então quiseram sair para melhorar de vida e também para pôr seu filho na escola.
Então na época compraram uma casa na cidade e ficavam nas duas localidades ao mesmo tempo e comparecia aos fins de semana no sitio, na semana trabalhavam em busca de dar conforto ao filho.
Após um tempo foram definitivamente morar na cidade, logo seu esposo em 2003 faleceu, após ter um infarto, foi um período complicado em sua vida, mas ela conta que sempre se manteve otimista.
Depois de mais de 1 ano de viúva, conheceu o senhor Nelson Lima através do trabalho, ele pediu para um amigo conversar com Carmem e dizer que queria conversar seriamente, mas não estava interessada por estar muito recente a morte do seu marido e com todas as dificuldades os dois começaram a namorar e por fim se apaixonaram e casaram. Carmem relata que Nelson era um ótimo padrasto e apoiava seu filho Wil.
Com passar do tempo, seu filho recebeu uma proposta de trabalho na loja Olmi com a função de cobrador e como era um ótimo funcionário subiu de cargo para vendedor.
Ela conta que sempre gostou de ficar no sitio, e vinha na cidade ficar pouco período, como teve pouco estudo não tinha muita oportunidade de emprego, então preferia ficar pelo sitio mesmo.
De início, com seu segundo esposo, realizava a compra e venda de gado e a venda de frutas como abacaxi, pepino, laranja e poncã, pois tinham muita fartura na época e sempre fazia entrega aos restaurantes.
Um dos momentos mais felizes foi quando seu filho obteve sua formação e se casou com Daiane Sales da Silva.
Carmem tem um Neto que se chama Hebert Duarte fruto de um relacionamento de Wil com uma namorada.
Carmem ficou viúva novamente em 2010, pois seu segundo esposo teve um período tenso de tratamento de câncer, foi muito triste este período.
Com o dinheiro que guardou por um bom período, ela aplicou na compra de gado e com passar do tempo foi elevando, atualmente sua renda é criação de galinha, plantio de coco e é aposentada.
Atualmente Carmem mora na comunidade Menino Jesus e conta que é feliz dessa forma, tem tudo que precisa e gosta da simplicidade do campo sua residência está sempre cheia de familiares e amigos, exceto nesse período por conta da pandemia.
Confira abaixo a história em audio, vídeo e fotos da época.