Os pais de José Roberto Borges Pereira, senhor David Borges Pereira, já falecido, era natural de Venâncio Aires-RS, nascido em 30 dezembro 1929 e a mãe Ieda Borges Pereira, natural de Carazinho-RS, nasceu em 28 maio 1938. O casal se conheceu em uma seleção escolar, após um tempo de namoro se casaram em 19 fevereiro 1955 em Espumoso-RS, e logo se deslocaram para o Paraná. Tiveram 3 filhos Jussara, José e Jane.
José Roberto Borges Pereira é natural Querência do Norte-PR, nasceu 04 dezembros 1959 e veio para Juína-MT aos 20 anos junto com seus pais. Seu primeiro casamento foi com Bernadete da Silva Borges Pereira do qual tiveram 3 filhos, José, Rodrigo e Gisele, foram casados por 25 anos, quando por algumas divergências e dificuldades no relacionamento decidiram se separar.
José Roberto conheceu então Rosimeire e depois de um tempo de namoro se casou novamente, ela é natural de Regente Feijó-SP, nasceu 13 novembro 1970.
O senhor David veio para o Mato Grosso e a primeira localidade que conheceu foi Juara em 1975, porém não se agradou com a localidade, então em Cuiabá ouviu uma propaganda referindo sobre Juína.
Em 1978, finalizou a plantio de soja no Paraná e logo veio para o Mato Grosso novamente, trazendo os equipamentos da serraria, já Ieda ficou em casa tomando conta das terras que pertenciam a eles no Sul e após 2 meses, o casal entrou em concesso para onde deveriam morar, diante disso, o senhor David decidiu vender todas as terras em Corbélia-PR e trouxe a família junto de vez em 1979.
As mudanças vieram em 2 caminhões pois foi reunido 5 famílias com o total de 25 pessoas, a viagem demorou em torno de 15 dias, pelo fato que quando chegaram em Campo Grande-MS o motor de um dos veículos fundiu e por esse motivo foi necessário alugar uma casa no município até que fosse arrumado para seguir viagem.
Para saber quando estava chegando em Juína, era necessário verificar no velocímetro, porque não tinha um ponto de referência na época, pois era somente mato com pouquíssimas residências. José cita que quando olhou já havia passado do local e então teve que retornar, chegando no final da tarde em Juína e a parada foi no único posto de combustível que havia.
José Roberto lembra que na época chegava em torno de 50 mudanças por dia, e isso gerava a necessidade de o prefeito abrir mais módulos pela cidade, sendo que, as famílias acampavam em sua maioria no bairro que é o São José Operário hoje.
A fonte de renda da família na época foi a serraria onde foi necessário um trabalho árduo pois ninguém tinha experiência com a madeira e tiveram muito prejuízo e perca de matéria prima.
José Roberto trabalhava no mato com um trator velho e conta que certo dia o mesmo estragou e ele sofreu muito para conseguir chegar até a cidade já tarde da noite e com fome, chamou seu pai e disse que se não fosse comprado um trator novo ele abandonaria o trabalho e arrumaria outro meio de sobreviver.
Vendo a necessidade e também a oportunidade de ganhar dinheiro foi comprado o primeiro trator novo que chegou em Juína na época que acabou se tornando um evento onde as pessoas saiam de suas casas para vislumbrar o equipamento novo para o trabalho.
Com muito esforço de dedicação de todos e depois de tomar muitos prejuízos por falta de experiência a renda na família foi estabilizada e tudo foi fluindo aos poucos.
Na época as diversões eram os campeonatos e havia diversos times de futebol, e José Roberto participava ativamente, tinha os times tradicionais chamados Patuíra, Coodemat e Catarinense.
Para assistir os jogos da copa do mundo, era necessário ir até ao Juína Club ver no telão um dia depois do jogo ter passado pois ninguém tinha acesso a televisão na época. Juntava multidão de pessoas no local para assistir as partidas e todos se divertiam mesmo já sabendo antes qual seria o resultado do jogo.
Segundo o pioneiro, a violência era extrema na época e sempre acontecia tiroteios nas festas, bailes e até mesmo no meio da rua.
Um período muito difícil para o pioneiro foi quando houve um incêndio que consumiu toda a serraria e causou um prejuízo financeiro e psicológico na família, momento em que José Roberto decidiu mudar de ramo passando a cultivar café.
O plantio na época foi de 40 mil pés de café, sendo inclusive considerado uns dos 5 melhores do estado durante um período, mas após alguns problemas, ficou 7 anos de prejuízo e isso o levou a falência.
A esposa Bernardete que trabalhava no Fórum de Juína há um bom tempo foi transferida para o município de Aripuanã com a finalidade de auxiliar na abertura da comarca do município.
Como o relacionamento já estava em crise entre eles, José Roberto decidiu mudar também para Aripuanã e também foi trabalhar no Fórum.
Depois de 4 anos morando em Aripuanã e não conseguir reestabelecer o casamento os dois decidiram se separar e foi mais uma dificuldade para ele pois relata que ainda amava muito a ex esposa.
Ele foi seguindo a vida e certo dia encontrou com Rosiemeire que é sua esposa atualmente. Os dois contam que foi um momento mágico quando se viram e sentiram algo diferente desde o primeiro instante.
Rosimeire chegou a comentar com sua mãe que havia conhecido um homem que tinha feito com que ela sentisse um frio na barriga e a mesma sensação que sentira pelo seu primeiro esposo quando o conheceu.
José Roberto procurou saber sobre ela mas ficou na sua por um tempo até que passou a frequentar o restaurante da família de Rosimeire onde ela trabalhava no caixa e aos pousos foram estabelecendo contato.
Certo dia, Rosimeire ficou doente e José procurou saber o que houve, ele mandou flores pois sabia que ela gostava. A partir daí começou o romance e depois de 3 anos namorando, tomaram a decisão de morar juntos, em 2005.
Com o pai morando em Juína com idade avançada e não podia mais cuidar da fazenda ele decidiu que viria para ajudar seu velho pai e comunicou Rosimeire questionando se ela viria com ele ou não e ela disse que sim.
O casal passou a ajudar os pais de José Roberto e trabalhar para conseguir construir a tão sonhada casa dos sonhos.
José cita emocionado que seu Pai David foi um grande homem por ser honesto e trabalhador, era guerreiro, pois sempre motivava seus filhos e tinha um grande coração e boa conduta.
O senhor David faleceu em fevereiro de 2020 com 92 anos e após 90 dias dona Ieda também faleceu com 83 anos.
Para ela o momento mais doloroso da sua vida foi o falecimento de sua pois tinham um vínculo muito forte e além de mãe e filha eram muito amigas.
Rosimeire relata que um dos momentos mais felizes da sua vida foi quando teve seu filho primogênito e José também.
O casal é feliz dentre estes 16 anos de convívio, por mais que enfrentaram diversas divergências na vida, mas sempre foram compreensivos.
Os mesmos deixam uma breve mensagem ”As pessoas devem ter mais empatia ao próximo e sempre compreender que a vida é convivência e dar valor no que possui ao seu lado”.
Confira abaixo a história em audio, vídeo e fotos da época.